quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Salvem a cor verde!!!

Pizza de rúcula com tomatinhos
Destas armadilhas que montamos a nós mesmas, uma em que eu caí bem direitinho, foi no quesito "alimentação" de filho.
Explico: eu fui uma destas crianças que não comia nada! (Leia-se, nada de arroz e feijão, o que aqui consideramos "comida"). 
Uma vez eu li um texto que se intitulava assim: "mamadeira, o tira fome das crianças". Eu fui uma criança que tomava mamadeira. Minha mãe, com medo de que eu passasse fome, me dava uma mamadeira pra garantir que eu estivesse alimentada. Coitada, eu não a condeno, sendo eu a quarta filha e tendo os outros três lidado bem melhor com a introdução alimentar do que eu, ela lutou com as armas que tinha.

Pois bem, um dia virei mãe. Preocupada em fazer diferente, eu sempre me empenhei em oferecer um cardápio variado e saudável, retardei ao máximo a introdução de doces e cia e nunca permiti que ninguém se metesse neste quesito. Por aqui foi peito muito tempo, mamadeira em horários bem determinados e nunca substituindo refeição alguma, mesmo que eu tivesse de cozinhar e oferecer a feira inteira, até que eu estivesse satisfeita. Veja bem, EU satisfeita. E tudo correu super bem. Mas um dia veio a falta de fome. E aí eu não soube entender que isso era possível, e caí na armadilha em que cai toda mãe: eu passei a insistir pra minha filha comer. (Mais um parênteses: como eu não comia um tanto de coisa, diversas vezes fiquei com fome, em festas, na casa de amiguinhos e parentes, até na escola).

E aí ela brigou com o verde. E brigou com outras cores também. Mas o verdinho, huuummm, "tira esse verdinho" "o que é esse verdinho?".

Estava fazendo pão e eu fiz um de ervas. Aí separei parte da massa pra modelar uns pequeninos pra minha filha levar pra escola, só que sobrou um verdinho na bancada e alguns pequenos acabaram ganhando umas ervinhas. Pois bem, isso me fez lembrar de uma palestra virtual do Carlos Gonzales, aquele pediatra catalão, sobre introdução alimentar, em que ele diz que ninguém precisa ficar insistindo pra criança comer um chocolate, porque fazer isso com as verduras então? Se a pessoa precisa insistir, deve ser porque isso não é bom. E assim nascem algumas histórias de comer errado que, a longo prazo, pode ter consequências desastrosas. Um dia passamos dos 40 e o médico manda comer verdura porque o colesterol está alto. Ou porque estamos acima do peso, ou porque, bem, a lista é enorme. E salada vira remédio que tem tomar tampando o nariz pra conseguir engolir. 

Mas veja bem, o verde é uma cor de total importância pra nossa sobrevivência! Além de ser uma cor linda, cheia de nuances. Então por que, POR QUE, fazemos isso com nossas crianças???, Por que não as ajudamos a crescer amando o verde e assim elas podem estar em paz lá adiante, sem precisar acrescentar esta cor à sua alimentação apenas por recomendação médica? 

Em tempo: eu não comia feijão (e não como ainda) e este era o grande martírio da minha mãe. Talvez se ela não se incomodasse tanto, em algum momento da vida eu e ele nos reconciliássemos (como saber?). Mas como a mesa de casa sempre foi farta em vegetais de todos os grupos, tirando a serralha e a catalônia, que são amargas demais, eu adoro verdura e como sem me sentir sendo torturada, ou seja, eu não comia aquele "pratão" de arroz com feijão, mas cresci com bons valores e aprendi muito mais com eles do que com qualquer artifício usado pra me convencer (meus pais sempre se alimentaram muito bem e meu pai era militante da alimentação natural e orgânica. E minha mãe é cozinheira fabulosa!). 

E como a educação vem principalmente pelo exemplo, apesar de implicar com "aquele" verdinho, a pizza favorita da Luiza no momento é a de rúcula. E sim, ela come a verdura toda, ou seja, acho q não estamos errando tanto assim. 

O que eu aprendi nestes anos de maternidade, principalmente com os meus erros e meus exageros, é que a hora de comer pode ser muito mais legal se a gente pega leve e tenta compreender as nuances do comportamento da criança (tem hora que come melhor, tem hora que come pior, tem hora que gosta do vermelho, tem hora que odeia e por aí vai.) Nosso papel é oferecer e dar o exemplo, mesmo sendo um processo muito exaustivo às vezes (quem ouve minha mãe contar, percebe o cansaço dela em tentar de tudo pra me fazer comer, por isso nem vou falar do meu próprio). 

Eu ainda quero explorar mais este assunto e compartilhar algumas informações e reflexões, mas em postagens futuras. Por hora, deixo o apelo: salvem a cor verde! (E esta frase tem muitos desdobramentos, se for pensar bem!)

Pra finalizar, comecei este texto na terça, mas como toda mãe, só estou conseguindo finalizar ele hoje, que é quinta (ufa!) . O bacana é que tenho o desfecho da história: Luiza levou os pãezinhos pro lanche e eu não ouvi nenhuma queixa com relação à um possível intruso, acho que ela nem notou, mas se notou, nem ligou. Ficou gostoso e isso foi o bastante!

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