quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A Mancha de Chocolate

Participei hoje de uma aula-degustação de chocolate. Deixei minha mocinha na escola e caminhei me sentindo plena até o metrô.

Quanta dignidade pode existir num simples sutiã. Fui pro evento usando um daqueles tipo "pescador", que abotoa na frente, com bojo e aro. Usei uma blusa de tecido firme, que não vestia há quase dois anos exatamente por precisar deste acessório pra ficar bonita. Coloquei uma saia. Nada de sutiã de amamentação, blusa que cede, moda pensada para o estica e puxa, abaixa e levanta da maternidade. Estava realmente me sentindo linda e plena, cabelos ao vento (ou ao sol de rachar, mas está valendo também). Estou aos poucos retomando minhas atividades profissionais e estou mesmo bem feliz com isso.

Aí, em certa altura da aula, me estiquei pra apanhar um punhado de manjericão para deixar ainda mais saborosa minha panqueca de queijo com tomatinhos. No meio do caminho tinha uma badeja de chocolate em pedacinhos. Tinha uma bandeja de chocolate em pedacinhos. (Não, eu não a vi).

Sem filhos, sem vestimenta apropriada, mas com mancha de chocolate na roupa. E assim termina a minha história. Fim!


Self no elevador

*Por sorte já transcendi a fase de me incomodar com isso. Dei boas risadas com quem estava por lá e viu o desastre, e voltei pra casa como se a mancha fosse parte do figurino, assim como a maternidade é parte importante de mim.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O que vai mundoadentro


Eu queria ter um software, aplicativo, teclado virtual, qualquer coisa, que transformasse meus pensamentos em textos. Sai cada coisa doida e cada coisa linda (eu acho rs) da minha cabeça! E eu sempre fui assim.


Foto de @retratoimaginario - Ju Vasconcelos
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 Qdo menina eu fazia poesias, mas nunca que elas eram as mesmas quando conseguia fazê-las chegar ao papel,raras vezes conseguia ser rápida o suficiente para não perder a essência. E em se tratando de poesia, uma palavra trocada e já era.


às vezes eu andava na rua repetindo versos, distraída do mundo. o que me rendeu uma má fama de "metida". Metida, eu?


Só se for metida a piração, só pode ser rsrs. Mas é certo que, nessas horas, eu não cumprimentava ninguém mesmo na rua, não por me achar isso ou aquilo, mas porque eu não via nada ao meu redor mesmo, estava por demais ocupada com meu mundo interno e minha cabeça cheia de ideias e devaneios.

Devo confessar: de lá pra cá, bem pouca coisa mudou!


sábado, 3 de setembro de 2016

"Causo" mineiro

(Texto originalmente publicado no facebook, no dia 26/08/2016),
Hoje, oficialmente, é meu aniversário (cuma?).
PS: leia até o fim, é engraçadinha a história
Explico: no meu registro de nascimento, eu nasci hoje, dia 26. Minha chegada neste mundo é cheia de curiosidades. Meu pai começou a levantar a nossa casa no mesmo ano em que nasci, por isso estava cheio de dívidas. Na época se cobrava pelo registro e tinha um prazo máximo que se podia atrasar, senão, além da taxa, também se pagava uma multa por atraso. Quando meu pai conseguiu o dinheiro pra pagar o registro, já havia passado esse prazo, assim o tabelião me registrou em outro dia, dentro daquele prazo sem cobranças extras. Eu me lembro de quando olhei minha certidão e percebi o erro, fiquei revoltada. Não lembro quantos anos eu tinha, mas era criança ainda. Depois descobri que meus irmãos também não foram registrados no mesmo dia em que nasceram, só que com a data certa de nascimento, foi quando me contaram essa história da tal multa. Prometi a mim mesma que quando crescesse, trataria de corrigir este erro pleiteando na justiça a mudança do meu registro. Aí descobri que isso dá tanto trabalho que comecei a pensar que talvez eu devesse usar minha energia em outras coisas. Com o tempo comecei a achar graça nisso, tipo, chego num serviço qualquer, mostro meu RG e a pessoa me dá os parabéns. A primeira vez que isso aconteceu, eu levei uns minutinhos pra entender pq aquela estranha estava me parabenizando, aí ela percebeu meu estranhamento e me contou: "hoje é seu aniversário" (a louca, né kkkk).
Sendo assim, por aqui é aniversário o mês todo. Se alguém quiser me cumprimentar hoje também, aceito e agradeço, de bom grado .
Mas o mais curioso, e engraçado, sobre minha vinda ao mundo, NÃO é essa história, mas a do meu nome. Meus irmãos se chamam Nelson, Nelma e Elda. O combinado era de que eu me chamaria Elton, se fosse menino, ou Elaine, se fosse menina, pra combinar com a caçula Elda. Aí veio eu, que por sei lá qto tempo, mais de um mês, eu calculo por cima, me chamei Elaine. Meu querido pai chega em casa um dia, com o tal registro, e diz assim: pode chamar ela de Elaine, mas o nome dela é Nivia (é de cair o c. da b., né?). Fico imaginando a cara da minha mãe e das minhas irmãs, como eu queria ter a memória deste dia! Um fanfarrão este meu pai! Ele diz que colocou esse nome por conta da atriz Nivea Maria, que na época, fazia uma novela e tinha "uma carinha linda" - palavras dele.
Mas... pq a história parece não ter fim, desconfio que não foi por isso não. Embora todo mundo conheça meu pai por Anízio mecânico, o nome dele é ANIVIO, veja bem, eu tenho o nome dele. Ha! ou Ra! Esse pedaço da história é inferência minha. Meu pai, na sua simplicidade, deve ter achado o nome da atriz parecido com o dele, mas eu adoro pensar que temos o mesmo nome. Adoro contar essa história e morro de rir dela. E sendo bem sincera, gosto mais de Nivia mesmo, até pq na minha adolescência, todas as minhas amigas achavam que toda Elaine era, bom, deixa pra lá (entendedoras entenderão rsrs).
E é isso, comemoro OFICIALMENTE minha chegada aos 40 compartilhando esse pormenor de minha vida que tanto me faz rir. FIM!

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Cores

Estava decidida a dormir até tarde hoje, já que não temos nenhum compromisso com hora marcada pra esta manhã, mas o sono escapou de mim à primeira mamada do dia.
Rola pra cá e pra lá, me lembrei das cores todas na geladeira esperando para serem transformadas em alimento. Pulei da cama e vim pra cozinha decidida a aproveitar as horinhas de folga pra fazer um pão de beterraba.

Purê de beterraba


Chegando à cozinha, decidi também encarar as mini berinjelas e adiantar um risoto para o almoço. E assim passei duas longas horas, devaneando, aproveitando a paz de estar só, apenas com a multidão que mora em mim (risos).

Mini berinjelas: lindas!


Cozinhar é uma das coisas que mais amo fazer, mas tornou-se uma grande tortura nos últimos tempos, porque virou obrigação. E tudo que vira obrigação, ganha um peso. E pra mim, cozinhar não se resume a preparar um alimento. Para mim é antes, uma forma de introspecção. Uma forma de mergulhar no meu mundo interno e devanear, processar todas as informações que recebo tododiatodahora. De viajar no tempo e no espaço, inventar histórias, fazer planos, pensar besteira, deixar vir o que tiver de vir, seja amor, seja dor.

Nesta fase da minha vida, em que sou mais dona de casa e mãe que qualquer outra coisa, não tenho mais o direito de apenas escolher cozinhar, antes vem a necessidade de garantir alimento saudável e saboroso aos meus pequenos. E cá entre nós, que coisa difícil devanear com duas crias demandantes em volta!

À caminho do forno

Hoje é quinta feira. Quinta sempre foi o meu dia de grandes reflexões. Explico: desde que vim morar em São Paulo, às quintas eu atendo no consultório. E dos encontros que minha prática profissional me propicia, a volta pra casa. seja de metrô ou dirigindo, sempre foi de uma vastidão fértil e rica de pensamentos sobre tudo e sobre qualquer coisa, como se o encontro com o outro amplificasse meu olhar para o mundo e para mim. Assim nasceu o "Devaneios de quinta", primeiro no plano das ideias, agora concretamente. (Atualmente também faço terapia às quintas, o que enriquece ainda mais minhas reflexões).

Diversas vezes tentei criar este espaço, mas, interpelada pelo caminho entre o lugar onde estava e o computador, fracassei. Hoje, em meio a tantas cores, achei que já era hora de fazer isso acontecer pra valer. E cá estou!

"Cores"


Hoje é quinta feira, o dia já vai longe, a primeira fornada já está assando, a berinjela já está pronta, o risoto caminhando, a mais velha já acordou, mas o pequeno ainda dorme, me dando a chance de devanear, nem que seja só um "cadinho".

Risoto de cenoura e alho poró + berinjela 

E meus devaneios tem trilha sonora. Em meio a carros e semáforos, eu e minha música alta somos uma coisa só, como se o mundo lá fora só fosse possível porque posso pensar e sentir aqui dentro!