domingo, 14 de janeiro de 2018

Silêncio e solidão

Saí pro dentista hoje de manhã, sozinha. Tempo nublado, garoinha, uma música triste no rádio, de repente percebo que há mais de um mês que eu não dirigia sozinha pra lugar algum.
Eu costumava ir pra Lumos de carro, mas o trânsito foi ficando cada vez mais cansativo e ansiogenico pra mim. É um efeito colateral pra quem mora em São Paulo perder muito tempo de deslocamento e eu, que passei um tempo sem trabalhar fora de casa e mais algum tempo trabalhando pouco, qdo voltei, usava os percursos pra caraminholar, relaxar, ouvir vinte vezes a mesma música, cantar alto.
Conforme fui aumentando a minha carga horária de trabalho fora de casa, esses tempos de percurso aumentados pelo trânsito começaram a me fazer falta em outras atividades. Fora que dirigindo, não dá pra ler, por exemplo. Então comecei a usar bem mais transporte público, que no meu caso é bem mais rápido e eu ainda consigo usar esse tempo a meu favor, pra ler, responder coisas pendentes, enfim.

Mas, nossa! Como faz falta ter um tempo de silêncio e solidão pra mergulhar e ouvir os barulhos de dentro!

Sempre fui dos momentos de solidão. Eu costumava apagar todas as luzes de casa e colocar uma música triste, deitar e ficar olhando pro nada, pro teto, pra janela, pro escuro, imaginando, sonhando, desejando, chorando. Era um alento pra adolescente sonhadora e melancólica que eu fui.

O mundo adulto é muito chato, isso sim! Tem tanta coisa pra fazer que hoje em.dia eu não consigo mais ficar assim, olhando pro nada, pensando em nada, por isso oh tempo só, no carro, virou minha nova mania. E nestes dias de férias escolares, nem no mercado eu fui só. Estava com saudades!

Sei que vai chegar um tempo que as crianças vão crescer e vai sobrar silêncio e solidão. Pode até ser que atinja níveis insuportáveis. Mas hoje esses momentos em fazem muita falta! A gente vai vivendo, vivendo, nem se dá conta, passa o dia, passa a semana, o mês, o ano, o próximo ano... Muito bom parar, respirar, desacelerar, ainda q só uns minutos na semana, no percurso de volta pra casa, ignorando o mundo barulhento do lado de fora.

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